sábado, 9 de abril de 2011

Perigosa vizinhança


O vazamento radioativo em Fukushima, Japão, reacendeu o debate sobre a segurança da energia nuclear. Os países mais ricos logo correram a dizer que as usinas atômicas não são, assim, nenhuma bomba-relógio prestes a nos mandar pro beleléu.

Aqui no Brasil o complexo de Angra I e II também voltou a ser questionado. Nesta semana visitei o lugar, para uma reportagem sobre os riscos das comunidades vizinhas em caso de incidentes. Em meio às sinuosas curvas verdes e azuis da Rio-Santos fica difícil imaginar que, logo ali na frente, a mata Atlântica foi substituída pelas duas grandes cúpulas brancas que guardam os reatores de Urânio.

Lá dentro, vigilância total. Preenchi uma detalhada ficha de acesso, recebi capacete e óculos especiais, desliguei meu celular e tive uma aula de energia atômica. Como nunca fui bom em Física, não captei boa parte do que disseram. Mas fiquei sabendo, por exemplo, que 3% da eletricidade usada no Brasil vem dali. E que a totalidade dessa produção se destina a Rio e São Paulo. Vi também as obras de Angra III, que devem ser concluídas em 2015, e conheci o plano de retirada da população em caso de vazamento.

Saí e fui conversar com as comunidades. Perguntei às pessoas simples, no meio da rua, se elas não têm medo de morar tão perto da central nuclear. Têm sim. Lembraram que a rodovia é estreita, os deslizamentos são constantes e frequentemente a pista é interditada no período chuvoso. Ficaria difícil fugir se houvesse um desastre.

Voltei à usina. Perguntei a um dos diretores o porquê da escolha de um dos lugares mais belos do Brasil, verdadeiro tesouro ambiental, para aquela empreitada. Além disso, bem no meio das maiores metrópoles do país. “Isso foi no regime militar. Os generais decidiram que iam fazer uma usina aqui e fizeram”, respondeu.

2 comentários:

  1. Pois é...'decidiram fazer e fizeram: então tá!'
    Quando falamos no Japão, não há conversa que não se dirija ao Brasil... E não dá medo? Será que poderíamos confiar numa total segurança? Mais uma vez... então tá! E que Deus nos proteja!!!
    Abraços,
    Tais Luso

    ResponderExcluir
  2. Seria viável um plano de fuga pelo mar, em caso de acidente?
    Lamentável o "critério" que definiu o local da construção.

    ResponderExcluir