quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

De carona


Na adolescência, de vez em quando juntávamos dois ou três amigos pra “fugir” de Brasília de carona. Pegávamos um circular até a saída da cidade e, de lá, seguíamos pelo acostamento com o polegar estendido, ansiosos pra que uma alma caridosa nos recebesse em sua boleia. O destino? Pra onde o motorista fosse.

Foi assim que conheci Formosa, Alexânia, Cocalzinho, Pirenópolis e outras cidadezinhas de Goiás. Íamos sem dinheiro nenhum no bolso. A hospedagem seria em algum banco de praça ou porta de igreja. O que estivesse mais perto no final da madrugada.

Mas tínhamos um violão e muita disposição pra fazer amizades. Por isso não era difícil sermos acolhidos pelos boêmios locais, que nos davam bebida, comida e um lugar mais confortável onde esticar o esqueleto depois da farra. Na volta pra casa, novamente o acostamento até conseguir uma carona salvadora.

Foi com certa nostalgia que hoje, quando seguia para o trabalho, lembrei dessa época agora distante. Acabara de cruzar a Ponte JK, ar-condicionado e i-Pod no talo, quando vi três jovens turistas com suas câmeras fotográficas e mochilas. Enquanto curtiam o visual da beira-Lago, estendiam o dedão para os carros que passavam.

Veio um filme na minha cabeça. Questão de segundos. Até reduzi a velocidade, mas começava a chover, o trânsito era intenso e eu, pra variar, estava atrasado.

2 comentários:

  1. Ê, nostalgia romântica. Mas a idade vem e às vezes traz junto o juízo e menos disposição para corrermos riscos. Mas nunca deixamos de flertar com a liberdade tão, tão preciosa.

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  2. Celso, obrigada pela visita e comentário - desculpa não ter retornado antes, é que estive afastada da internet, pois meu computador resolveu "morrer" de repente, e quase que perco todos os meu arquivos - isso, mais a falta de tempo, me manteve offline até agora.
    Lendo o texto acima, fiquei pensando nas tantas vezes em que já fui jogada no passado - na adolescência, principalmente, ou mesmo na infância, por causa de um perfume, uma música, uma cena, ou até mesmo alguma palavra ou gesto pouco usual... Um tempo ao qual talvez nem déssemos o devido valor, porque nos parecia eterno...
    Voltarei assim que possível.
    Abraço
    Eloah

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